segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Depois do agora...



Madrugada fria
Noite solitária
Eu olhava para um canto e não a via
Não havia nem mesmo a sua forma imaginária

Quarto escurecido
Imagens desoladas
Meu vulto aparecido
Almas isoladas

Tela vazia
Você se foi e o sono também...
Ficou a esperança de que você apareceria
Mas, a realidade é de que você não vem

Será lembranças?...
Esquecimento do que não houve
Estradas sem andanças
Silêncio que não se ouve

A tela se apaga
O doce da sua boca, na minha amarga
Parece praga
Sua presença ausente de te não me larga

É o que eu quero?
Mas se não quero não adianta
Por isso me sento e espero
Vou guardar a sua janta

Seu cheiro já é o meu
Vá e não demore
Tenho no peito o coração que você me deu
Volte com fome e me devore!

A rua está vazia
Abrir a porta e olhei lá fora
Acamei a minha agonia
Porque isso é depois do agora

Júlio Nessin
Publicado no Recanto das Letras em 25/08/2008