domingo, 21 de junho de 2009

TESE


Eu sou a noite que navega nos sonhos dos poetas
O dia que raia e que anoitece
Sou a criança espontânea e inquieta
Eu sou o pai que a ama e ela apenas desobedece
Sou o corpo afagado pelo amor da incerteza
Por certo, posso te amar bem de perto
Como a comida estendia na tua mesa
Como a fome que o homem não come e expulsa a tua beleza
Eu sou a letra viva do teu nome e sobrenome
O cintilar da cor e o som do volume
Da luz eu sou o vibrar do vagalume
Sou o beijo e o desejo do teu amor
Sou o fim da estrada que não some viajando ao vento...
Do todo eu sou a firmeza do firmamento
Acima do bem e do mal fora do tempo em todos os tempos
Sou a tese instigada pelos contrários
Enamorado, enrijeço feito um carvalho
Minha namorada embevecida fica toda molhada desse orvalho
E tudo volta ao começo dessa expressão
Sou o coração do paradoxo em definição
E da antítese, sou a marca heróica da sua mão
Escrevendo o dilema de ser o que não é...
A verdade oculta da vaidade culta
Estendida e compreendida por essa mulher.

Júlio Nessin
Publicado no Recanto das Letras em 19/06/2009
http://recantodasletras.uol.com.br/visualizar.php?idt=1656938